"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho". A Bíblia leva luz para povos em trevas e guia as pessoas no caminho de Deus. Na Amazônia, a diferença entre comunidades ribeirinhas que seguem e as que não seguem a Palavra de Deus é notável. Ordem, limpeza e uma paz no ambiente são os resultados se se seguir os ensinos das Escrituras. Em 2005, minha mãe me deu uma Bíblia Jovem Amigo, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, que foi fundamental na minha vida. Lia e marcava as passagens com cores diferentes de acordo com o assunto, e também anotava as referências cruzadas de texto com texto, nos rodapés, do Gênesis ao Apocalipse. Levei dois anos e dois meses, mas enfim concluí a leitura da Bíblia, e tinha um carinho muito grande por aquela Bíblia.
Na comunidade de Ponta Alegre, rio Andirá, quando fui em missão com a Southern Adventist University em março de 2009, num dos cultos com os índios, foi perguntado quantos tinham levado suas Bíblias. Lá havia uma igreja da época do Leo Halliwell, que estava em ruínas, sem teto, e os irmãos se reuniam em um barracão ao lado. O propósito da viagem era reestabelecer a presença adventista, e ajudar a planejar a reconstrução da igreja (que mais tarde foi reconstruída na cor favorita dos índios, cor de tucumã).
|
Equipe da Missão em Ponta Alegre |
|
Tucumã, fruta regional da Amazônia |
|
Igreja Adventista de Ponta Alegre Pronta! |
|
As primeiras programações eram sobre saúde e atividades lúdicas para as crianças, mas depois, nos últimos dias da viagem, começamos a pregar a Bíblia com temas mais sérios. Então o pregador perguntou quantos tinham Bíblias. Dos poucos que levantaram as mãos, todos eram do grupo de missionários. Nenhum dos índios tinha Bíblia, ou não estava com ela na hora. Logo que começamos a ler um texto, um jovem se aproximou de mim e começamos a ler juntos a passagem na minha Bíblia (aquela especial para mim). Mesmo depois, ele continuou lendo ansiosamente o texto Sagrado, e ficou assim até o final do culto. Quando me devolveu, ele me perguntou se eu tinha alguma outra Bíblia. Eu percebi que ele estava querendo que eu desse a minha para ele, e disse que não. Tinha levado uma segunda Bíblia (que tinha sido minha primeira Bíblia da vida!) , mas já tinha dado para um vice-líder da comunidade que tinha me pedido. Aquela situação partiu meu coração. Então coloquei no meu coração que na próxima missão deveria levar uma caixa de Bíblias comigo. E assim foi.
Na missão de junho de 2009, para o rio Negro, levamos uma caixa de Bíblias e doamos a todos que quisessem. Enfim, quando estávamos quase indo embora, uma canoa com uma família de ribeirinhos se aproximou do nosso barco, o Comte Shaloom, e pediu uma Bíblia. Já estávamos no fim da missão, e a caixa de Bíblias estava vazia. Então peguei minha Bíblia, toda marcada, que eu tinha o maior carinho, e dei. Foi triste e ao mesmo tempo feliz ver aquela família partindo pelo rio com a minha Bíblia querida. Lembrei daquele verso "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás." Eclesiastes 11:1.
|
Família que chegou de repente, pediu uma Bíblia, e depois foi embora |
Pode ser que ainda nessa Terra eu encontre essa Bíblia novamente, mas com certeza, no Céu, acharei os resultados desse Pão que foi lançado sobre as águas do rio Negro. (Obs.: se você que está lendo isso sabe onde está essa Bíblia,
entre em contato para eu conseguir ela de volta, rsrs, ela está com meu nome inclusive, Gabriel Peixoto Franca 😁 ). Já ouvi histórias de pessoas que encontraram a Verdade na Bíblia depois achar o Livro Sagrado perdido ou abandonado em algum lugar. Um exemplo que estou lembrando agora é do Pr. Doug Batchelor, que encontrou uma Bíblia abandonada na caverna em que morava. Sua história está registrada no livro
"O Milionário da Caverna".
Em janeiro de 2012, visitei com o Projeto Luzeiro algumas comunidades ribeirinhas Sateré-Mawé, e encontrei irmãos que compartilhavam a Palavra de Deus no próprio idioma Sateré. Seguem algumas fotos da Bíblia no idioma deles, chamada Tupana Ehay, na comunidade Nova Esperança.
|
Tupana Ehay |
Nessa comunidade estava a antiga Luzeiro IX, já sem funcionar, um dos irmãos do local contou como trabalhou como ajudante nessa lancha e depois que ela saiu de uso fez de tudo para adquirir o barco.
|
Luzeiro IX |
|
Luzeiro IX ao lado da Luzeirinho |
|
Luzeiro IX |
|
Luzeiro IX |
|
Luzeiro IX |
Na igreja, um irmão recebeu todos os voluntários muito cordialmente e disse que a igreja estaria sempre aberta para nós, "até porque não tinha portas mesmo".
|
"Essa igreja vai estar sempre aberta para vocês... até porque não tem portas mesmo né irmãos" |
|
A igreja sempre aberta |
Mais tarde, em 2015, Deus me mostrou de perto que uma Bíblia toda marcada pode ser muito importante para uma comunidade. Eu estava servindo o exército no pelotão de fronteira do município mais extremo norte do Brasil, em Uiramutã, Roraima. Lá existe fronteira com Guiana Inglesa e Venezuela. Fui à cidade perguntar sobre adventistas no local e fiquei sabendo que se reuniam num pequeno galpão ao lado de um mercado na cidade. No sábado, encontrei o grupo, que era em sua maioria de pessoas da Guiana (inglesa), então a programação era quase toda em inglês. O líder era o irmão Benedict, um guianês, da tribo Kopanan (ou Kopinang). Ele me convidou para pregar em inglês em um dos sábados. Por incrível que pareça eles não conheciam o hino "Oh Que Esperança!", ou "We Have This Hope!", então tive o prazer de ensinar para eles. O irmão me contou como um grupo de missionários tinha chegado a comunidade em que eles moravam na Guiana, e ensinado a palavra de Deus. Ele me mostrou uma Bíblia cheia de marcações, e com mais de 30 estudos bíblicos, que o missionário tinha dado para ele. Uma Bíblia bem usada. Tirei fotos dela e inclusive copiei vários dos estudos pra minha própria Bíblia.
|
Dedicatória |
|
Kopaning (ou Kopanan) era o nome da tribo indígena Guianense |
|
Os propietários, Joseph P. McWilliam e Melody S. Baer |
|
A Bíblia |
Tinha uma bonita dedicatória, traduzida mais ou menos assim:
"Joe, meu filho, o círculo completo deu a volta. Seu bisavô Joe se tornou um missionário para a América do Sul no início da década de 1920; o Senhor abençoou o seu pai Joe com o trabalho de colportagem, e agora outro Joe está indo para os campos missionários; transmita o Senhor como folhas de outono; que o Senhor toque você e a Melody mentalmente, espiritualmente e fisicamente.
Eles querem ver Jesus Cristo; 1 Cor 15:58, II Tim 1:7-9
Te amo. Pai. 18/Fev/2002".
Encontrei
o testemunho de Joe e Melody McWilliam no Youtube, e a história deles também aparece no livro
"Mission Miracles" (pág. 27), de David Gates, mas não consegui fazer contato com eles. Se alguém souber de como, acho que eles vão ficar felizes de saber que a Bíblia deles continuou servindo de base para o irmão Benedict pregar no Brasil, provavelmente algo que eles nem imaginavam. Deus cumpriu a promessa de 1 Coríntios 15:58, que o pai Joe mencionou.
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. "
Gabriel
Nenhum comentário:
Postar um comentário